20080824

Morte do poema

Esqueci os dias que passaram
Esqueci tudo sem querer,
e tinha uma esperança que ao esquecer
o mundo iria-se desfazer.
Tentei deixar a alma abandonada,
o corpo morto no chão,
a vida pendurada voltou,
caiu-me pesada nas mãos.
Sem volta a dar num retroceder sem fim
o vento apasiguou os meus olhos
a minha alma partiu sem mim.
Passaram-se horas,
dias de esquecimento,
momentos iguais
resumidos num só pensamento.
Mágoas de arrependimento
envoltas em aluminio de cozinha,
comi eu em Lisboa citadina
estendida no cimento.
Depois o betão e a gravilha
encheram-me até à garganta
lembrei-me então que era filha
da minha mãe que se ataranta.
Só posso ser filha de Homem
e bastarda de Deus,
mulher das insónias
praticante do Adeus.

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