Não me cantes um fado, não marques o vazio que trespaça este silêncio. Julga-me apenas... necessito que me julgues pelos males ou bens que te faço. Ardo por dentro, sabendo que te susurram as endeixas dos enganos admitidos pelos teus ouvidos. Porque ouves essas pequenas vozes mantidas por ti? Apenas roubam o lugar de tantos outros que não ouves. Deixa-as libertar os segredos mal encrostados no teu peito, deixa-as descoser os pensamentos pegados ao teu subconsciente ocupado. Deixa-me ocupá-lo por ti. Deixa-as gritar os enganos, os enganos que criás-te durante a ilusão que torna o amor tão ficticio. Deixa-as gritar, porque eu preciso de as ouvir, de as perceber, de as fazer desaparecer. Por vezes questiono o céu se serei eu a criadora de tais endeixas, que perpetuam caoticas no teu ser inconstante. Talvez... Leva-me tudo isto a dizer que vivemos todos nos enganos que arrastamos, nos enganos que criamos, enganos esses que tornam possivel a vida e a inconstancia de cada um. Sei que nunca vou perder os meus enganos, e espero que tu nunca percas os teus, pois foi por esses enganos que tornaram possivel a minha admiração pela maior das insconstancias, a tua.
Encontro/Desencontro
Há 11 anos