20090523

Senhora Dona "Esfregadeira" do Lago dos Cagados

Com a mesma vontade de sempre dirigi-me ao portão. Estava um dia de sol quente e eu como sempre, estava indisposta com toda aquela radiação solar. 
"Oh menino! Oh menino! Chega aqui, não sabes que é para se passar o cartão?"
Naquela manhã, a senhora da portaria, estava com o seu cabelo loiro todo armado com a normal tonelada de laca. Movia a suas mãos finas, com unhas compridas e pintadas com um vernis vermelho sangue, de uma forma ridícula quase que como para se gabar das suas fantásticas unhas minociosamente ornamentadas. A sua bata de um azul marinho, estava bem passada a ferro e livre de qualquer nódoa, como era costume. 
O rapaz, que já lá ia para as aulas, voltou-se em resposta ao grito da senhora da portaria e com cara de quem estava a ficar incomodado, voltou para trás. 
"Desculpa, mas eu não posso deixar-te passar! Se eu chegar aqui sem o meu cartão, nem almoço! Não é agora um aluno, que porque lhe apetece, não passa o cartão!" 
Com pouca vontade de responder, o rapazinho abre a mochila, tira o cartão e lá o passa. Vira costas e continua o seu dia.
A senhora loira da portaria, com os seus cinquenta e tantos anos, sorri vitoriosa com os seus dentes alinhados, voltando-se para o portão para continuar a sua vigia, lembrando-se que dali a uns minutos, lá teria de ir calçar as galochas para esfregar o lago dos cagados, pela segunda vez naquelas duas últimas semanas. 
Eu, depois de passar o cartão, lá entrei na escola e ao ver os meus colegas a entrar para dentro do pavilhão acelerei o passo, caso não fosse alguém pensar em marcar-me uma falta. 

1 comentário:

Rita disse...

É a loucura , a caça ao infractor da lei que não trouxe o cartão, podendo mesmo ser interdita a sua entrada no establecimento.